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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

o mundo hoje


Brasil contraria a China e irá à entrega do Nobel da Paz na Noruega

Apesar da campanha chinesa, o Brasil enviará um representante diplomático para a cerimônia do prêmio Nobel da Paz, nesta sexta-feira.
O vencedor deste ano é o dissidente político chinês Liu Xiaobo, que cumpre pena de 11 anos de prisão. No evento, ele estará simbolicamente representado por uma cadeira vazia.
A China continua demonstrando profunda irritação pela escolha do dissidente. Ontem, os países que participarão da cerimônia foram chamados de "palhaços" pelo porta-voz da Chancelaria chinesa, Jiang Yu.
Segundo ele, mais de cem governos e organizações deixarão de ir ao evento.
"Não vamos mudar por causa da interferência de uns poucos palhaços e não vamos mudar o nosso caminho", disse Jiang, em entrevista coletiva
Até ontem, 19 países haviam recusado o convite para a cerimônia de sexta-feira. Além da própria China, a lista inclui: Colômbia, Venezuela, Cuba, Rússia, Arábia Saudita, Paquistão, Iraque, Irã, Vietnã, Afeganistão, Egito, Sudão, Filipinas, Marrocos, Ucrânia, Cazaquistão, Tunísia e Sérvia.
Apenas dois países ainda não responderam: Argélia e Sri Lanka, segundo o Instituto Nobel Norueguês, responsável pela cerimônia.
Já o Brasil, que tem na China seu principal parceiro comercial, é um dos 44 países que confirmaram presença, ao lado de Índia, Indonésia, África do Sul, Japão, EUA e Coreia do Sul, entre outros.
Apenas os 65 países com embaixada na Noruega são convidados.
Trata-se de uma mudança em relação à neutralidade adotada pelo Brasil quando Liu Xiaobo foi nomeado Nobel da Paz, em 8 de outubro. Em oito anos de governo Lula, foi a quarta vez que o Nobel da Paz não provocou uma reação oficial do Itamaraty.
IMPEDIDOS DE VIAJAR
O governo chinês proibiu que os familiares de Liu viajem para receber o prêmio em seu nome -- US$ 1,5 milhão e uma medalha. A sua mulher, Liu Xia, está atualmente em prisão domiciliar.
Pequim também proibiu que simpatizantes do dissidente deixassem o país nos últimos dias, alegando motivos de "segurança nacional".
Será a primeira vez que um agraciado em prisão não será formalmente representado em uma cerimônia do Nobel da Paz desde 1935.
Naquela ano, a Alemanha nazista proibiu a participação do pacifista Carl von Ossietzky.
No lugar do discurso do vencedor, uma atriz norueguesa lerá alguns escritos do dissidente chinês.
Liu Xiaobo foi condenado a 11 anos por ter liderado a Carta 08, publicada em dezembro de 2008.
O documento, assinado por 303 ativistas, defende reformas democráticas e o fim do monopólio político do Partido Comunista.
Segundo a sentença, Liu Xiaobo, 54, estava envolvido em "atividades para derrubar o governo". Professor de literatura, ele participou do movimento estudantil pró-democracia que culminou no massacre na praça da Paz Celestial, em 1989.

Folha online

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