Economia | 24/11/2010 | 17h15min
Nova equipe econômica defende redução de gastos em 2011 e reafirma metas de inflação
Ministros escolhidos por Dilma concederam entrevista coletiva
— Agora que a economia brasileira superou a crise é o momento de reduzir os gastos do governo — afirmou Mantega.
Na primeira entrevista à imprensa como ministro confirmado para seguir a frente da Fazenda no novo governo, Mantega ressaltou que em 2008 o governo fez um superávit primário maior que o previsto na meta, o que permitiu a criação do Fundo Soberano do Brasil (FSB), com recursos do esforço fiscal mais elevado. Com a crise mundial, no entanto, destacou o ministro, o governo reduziu o superávit primário para permitir uma recuperação mais rápida da economia brasileira.
Mantega insistiu que agora é o momento de reduzir os gastos, o que permitirá uma queda mais rápida na taxa de juros. Ele também assegurou que o BNDES receberá menos recursos do Tesouro Nacional, abrindo espaço para o setor privado fazer empréstimos de longo prazo.
— Queremos um crescimento que não gere dívida pública e não aumente endividamento do Estado e não gere inflação — afirmou.
O ministro falou em manutenção do "crescimento de qualidade", aumentando os investimentos e fortalecendo o mercado interno, de modo a gerar milhões de empregos.
— Esta é uma das prioridades máximas da equipe econômica.
Mantega também se posicionou contra todas as tentativas de aprovar as chamadas "bombas fiscais" em tramitação no Legislativo. O ministro criticou as articulações para elevar o salário mínimo a patamar superior aos R$ 540 autorizados pelo governo e condenou qualquer movimento pela aprovação da PEC 300, que define um piso nacional para policiais militares, pelo aumento dos servidores do Judiciário e dos aposentados que ganham mais de dois salários mínimos. O ministro ressaltou, por exemplo, que eventual aprovação da PEC 300 pode resultar num impacto de R$ 46 bilhões nas contas da União, Estados e municípios.
Planejamento quer melhorar gasto público
Além de Mantega, participaram da entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde funciona o governo de transição, os nomes escolhidos para o Planejamento (Miriam Belchior) e para o Banco Central (Alexandre Tombini).
A futura titular do Planejamento, Miriam Belchior, disse hoje que o novo governo terá foco na melhoria do gasto público, planejamento das ações de governo e melhoria dos serviços prestados à população.
— Temos de enfrentar a disparidade entre o recurso disponível e o que é necessário. Queremos seguir ampliando a participação do investimento público no gasto total do governo — disse.
Segundo a futura ministra, a pasta vai reavaliar todos os maiores gastos de custeio para potencializar sua utilização.
— É possível fazer mais com menos — afirmou.
A futura ministra salientou que um dos focos do Planejamento será a melhoria da gestão pública.
— Queremos seguir modernizando a administração para que se torne mais eficiente, mais voltada para resultado e mais focada no cidadão.
Autonomia do BC reafirmada
O indicado por Dilma Rousseff para ocupar a Presidência do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, garantiu que a autonomia da instituição financeira se manterá em sua futura gestão. Essa autonomia, segundo Tombini, foi um dos pontos destacados pela presidente eleita ao fazer o convite.
— A presidente Dilma disse que nesse regime econômico consolidado pelo qual o Brasil passa não existe meia autonomia. É autonomia total — afirmou Tombini.
Segundo Tombini, a autonomia do BC "é da natureza do regime".
— Não é uma autonomia de objetivos, Quem garante o objetivo é a sociedade e o governo por meio do Conselho Monetário Nacional (CNM). Mas para atingir esses objetivos, o trabalho é do Banco Central.
Tombini disse que a instituição perseguirá o controle da inflação dentro da meta. Para o próximo ano, a meta está definida em 4,5%.
— Dilma espera que o Banco Central cumpra seu papel de manter a meta de inflação em 4,5% — informou.
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